sábado, 28 de junho de 2008

"OITO ANOS", Adriana Calcanhoto


"LUGAR NENHUM", Titãs


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No material do multicurso existem algumas sugestões de leituras de textos, de filmes e músicas que podem ajudar-nos no debate. Confira algumas delas!

sexta-feira, 27 de junho de 2008


Um ser humano é uma parte
do todo a que chamamos Universo.
Uma parte limitada no tempo e no espaço.
Ele concebe a si mesmo como algo
separado de todo o resto.
É como se fosse uma espécie de ilusão
de óptica da sua consciência.
Essa ilusão é tipo de prisão para nós, restringindo-nos aos
nossos desejos pessoais.
Nossa tarefa deve ser libertarmo-nos
dessa prisão ampliando o nosso círculo
de compaixão, de maneira a abranger
todas as criaturas vivas e toda
a natureza em sua beleza.”


Albert Einstein



Coordenadores:

Márcio e Anira

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Ninguém nasce racista!




O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ainda utiliza o termo ‘raça’ como sinônimo de cor, ao obter a distribuição das cores de pele (branca, preta, amarela, parda, indígena) no Brasil, embora seu uso seja mais uma construção social e cultural do que biológica. A divisão em ‘raças’ somente contribuiu para dar origem ao racismo que, por sua vez, gera discriminação e o preconceito segregacionista.
Com a definição e o mapeamento do genoma humano, cientificamente não existem diferenças entre os homens, visto que pessoas de regiões diferentes não se diversificaram suficientemente para caracterizar raças em um sentido biológico. O homem se distribuiu geograficamente adquirindo características físicas (cor da pele, formato dos olhos, altura, pêlos) de acordo com o ambiente, não existindo, portanto, diferenças biológicas entre eles. Somos todos pertencentes à raça humana.

A discriminação e preconceito contra cor não são cabíveis, inclusive a uma população bastante heterogênea como a brasileira, formada por diferentes linhagens ancestrais.

Fonte: www.ufv.br/.../maio2005/biologiaemfoco41.htm

Ninguém nasce racista.
Qual é o papel da escola na construção das identidades?
Queremos saber sua opinião.

"Não se trata de se adaptar às tecnologias, mas de acompanhar as mutações da civilização Global!" Pierre Levy

terça-feira, 24 de junho de 2008

sexta-feira, 20 de junho de 2008

AUTORIDADE...


No Roteiro 4 uma das questões levantadas é sobre AUTORIDADE que segundo Celso Vasconcellos "Não existe autoridade “em si”: a autoridade se define sempre em contextos históricos concretos. Um primeiro grande desafio para a constituição da autoridade do professor é a necessidade de re-significar o espaço escolar, ganhar clareza sobre qual é de fato o papel da escola hoje, porque será justamente neste espaço social que o professor exercerá sua autoridade, que obviamente carecerá de sentido se a própria instituição não conseguir justificar sua existência. Um segundo desafio é o professor se refazer, se reconstruir depois deste turbilhão todo a que foi – e ainda está - submetido. A motivação do professor está profundamente vinculada ao sentido que ele atribui ao seu trabalho, à sua profissão. Entendo que aquilo que nos coloca no centro da crise é, contraditoriamente, o que pode nos tirar dela: o sentido. Se o professor é aquele que trabalha com a produção de sentido (através do ensino, qual seja, da apropriação crítica, criativa, significativa e duradoura dos elementos fundamentais da cultura), se há uma profunda crise de sentido, nunca como hoje foi o tempo do professor, na sua compreensão radical e não de mero piloto de livro didático ou de apostila. "
Queremos saber sua opinião!
Não deixe de comentar. Compartilhe conhecimento! Em caso de dúvida, clique aqui.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

A EPISTEMOLOGIA GENÉTICA DE JEAN PIAGET

"Assim é que a criança aprende, captando habilidades pelos dedos das mãos e dos pés para dentro de si. Absorvendo hábitos e atitudes dos que a rodeiam, empurrando e puxando o seu próprio mundo. Assim é que a criança aprende, mais por experiência do que por erro, mais por prazer do que pelo sofrimento, mais pela experiência do que pela sugestão e mais pela sugestão do que pela direção. E assim a criança aprende pela afeição, pelo amor, pela paciência, pela compreensão, por pertencer, por fazer e por ser. Dia a dia, a criança passa a saber um pouco mais do que você pensa e entende. Aquilo que você sonha e crê é, na verdade, o que essa criança se está tornando. Se você percebe confusa ou claramente, se pensa nebulosa ou agudamente, se acredita tola ou sabiamente, se sonha sonhos sem graça ou dourados, se você mente ou diz a verdade, é assim que a criança aprende."
Fonte: Frederick Molfeti, 1999.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Conhecendo melhor o Rio Grande do Sul

Aproveito este espaço para compartilhar este vídeo criado na Escola Pio XII, em uma oficina de Movie Maker, dentro do projeto de Intercâmbio Digital Brasil e Portugal, que mostra um pouco de nosso estado.

Poesias,músicas, paisagem...um pouco de nossa terra.

Aos amigos da Bahia e do Rio , que visitarem nosso blog, um gostinho do Rio Grande e um forte abraço!

Uma mensagem dos gaúchos para os baianos e cariocas do multicurso


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Mensagem do 3º Encontro do Grupo Desafio.

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Isto faz diferença!


O poema abaixo foi postado pela professora Elaine em seu blog do Multicurso. As suas palavras traduzem um pouco o sentimento de como é bom poder estar, trabalhar e fazer o que se gosta.


Eu, todos

Sentir o sol dourar

sentir o vento voar

sentir a vida

amar

sentir as horas

e estar comigo mesma

e

com tudo

e com todos...


ESCREVI ESTES VERSOS NUMA MANHÃ DE SOL, LINDA...LINDA...PENSEI: _É MUITO BOM NÂO VIVER SÓ...AS PESSOAS COM AS QUAIS EU CONVIVO SÃO MUITO IMPORTANTES , SEM ELAS EU NÃO SERIA TÃO FELIZ ! (EU ESTAVA NA ESCOLA)

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Encontros e Despedidas


Hoje li uma postagem no blog da Ana Regina do Grupo Desafio no Ambiente Virtual do Multicurso que achei importante que também estivesse registrado neste espaço. Diz ela:
" Fernandão foi embora do Inter no sábado. Fiquei muito triste como todos os colorados, pois ele foi o símbolo de todas as grandes vitórias do meu time. Uma pessoa sem igual, carismático, agregador e exemplo dentro e fora do campo. Comparei sua partida com aqueles ótimos alunos, que por um motivo ou outro, partem das escolas deixando saudades e fiquei a pensar no vai e vem da vida... Tem gente que chega pra ficar, tem gente que vai pra nunca mais...

domingo, 15 de junho de 2008

ENTREVISTA COM ANTÔNIO NÓVOA - O PROFESSOR PESQUISADOR E REFLEXIVO

Nome: Antonio Nóvoa
Formação: Doutor em Educação e catedrático da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa.



O paradigma do professor reflexivo, isto é, do professor que reflete sobre a sua prática, que pensa, que elabora em cima dessa prática, é o paradigma hoje em dia dominante na área de formação de professores. Por vezes é um paradigma um bocadinho retórico e eu, um pouco também, em jeito de brincadeira, mais de uma vez já disse que o que me importa mais é saber como é que os professores refletiam antes que os universitários tivessem decidido que eles deveriam ser professores reflexivos. Identificar essas práticas de reflexão – que sempre existiram na profissão docente, é impossível alguém imaginar uma profissão docente em que essas práticas reflexivas não existissem – tentar identificá-las e construir as condições para que elas possam se desenvolver .

Salto: Professor, o que é ser professor hoje? Ser professor atualmente é mais complexo do que foi no passado?
Nóvoa: É difícil dizer se ser professor, na atualidade, é mais complexo do que foi no passado, porque a profissão docente sempre foi de grande complexidade. Hoje, os professores têm que lidar não só com alguns saberes, como era no passado, mas também com a tecnologia e com a complexidade social, o que não existia no passado. Isto é, quando todos os alunos vão para a escola, de todos os grupos sociais, dos mais pobres aos mais ricos, de todas as raças e todas as etnias, quando toda essa gente está dentro da escola e quando se consegue cumprir, de algum modo, esse desígnio histórico da escola para todos, ao mesmo tempo, também, a escola atinge uma enorme complexidade que não existia no passado. Hoje em dia é, certamente, mais complexo e mais difícil ser professor do que era há 50 anos, do que era há 60 anos ou há 70 anos. Esta complexidade acentua-se, ainda, pelo fato de a própria sociedade ter, por vezes, dificuldade em saber para que ela quer a escola. A escola foi um fator de produção de uma cidadania nacional, foi um fator de promoção social durante muito tempo e agora deixou de ser. E a própria sociedade tem, por vezes, dificuldade em ter uma clareza, uma coerência sobre quais devem ser os objetivos da escola. E essa incerteza, muitas vezes, transforma o professor num profissional que vive numa situação amargurada, que vive numa situação difícil e complicada pela complexidade do seu trabalho, que é maior do que no passado. Mas isso acontece, também, por essa incerteza de fins e de objetivos que existe hoje em dia na sociedade.
Salto: Como o senhor entende a formação continuada de professores? Qual o papel da escola nessa formação?
Nóvoa – Durante muito tempo, quando nós falávamos em formação de professores, falávamos essencialmente da formação inicial do professor. Essa era a referência principal: preparavam-se os professores que, depois, iam durante 30, 40 anos exercer essa profissão. Hoje em dia, é impensável imaginar esta situação. Isto é, a formação de professores é algo, como eu costumo dizer, que se estabelece num continuum. Que começa nas escolas de formação inicial, que continua nos primeiros anos de exercício profissional. Os primeiros anos do professor – que, a meu ver, são absolutamente decisivos para o futuro de cada um dos professores e para a sua integração harmoniosa na profissão – continuam ao longo de toda a vida profissional, através de práticas de formação continuada. Estas práticas de formação continuada devem ter como pólo de referência as escolas. São as escolas e os professores organizados nas suas escolas que podem decidir quais são os melhores meios, os melhores métodos e as melhores formas de assegurar esta formação continuada. Com isto, eu não quero dizer que não seja muito importante o trabalho de especialistas, o trabalho de universitários nessa colaboração. Mas a lógica da formação continuada deve ser centrada nas escolas e deve estar centrada numa organização dos próprios professores.
Salto: Que competências são necessárias para a prática do professor?
Nóvoa – Provavelmente na literatura, nos textos, nas reflexões que têm sido feitas ao longo dos últimos anos, essa tem sido a pergunta mais freqüentemente posta e há uma imensa lista competências. Estou a me lembrar que ainda há 3 ou 4 dias estive a ver com um colega meu estrangeiro, justamente, uma lista de 10 competências para uma profissão. Podíamos listar aqui um conjunto enorme de competências do ponto de vista da ação profissional dos professores.
Resumindo, eu tenderia a valorizar duas competências: a primeira é uma competência de organização. Isto é, o professor não é, hoje em dia, um mero transmissor de conhecimento, mas também não é apenas uma pessoa que trabalha no interior de uma sala de aula. O professor é um organizador de aprendizagens, de aprendizagens via os novos meios informáticos, por via dessas novas realidades virtuais. Organizador do ponto de vista da organização da escola, do ponto de vista de uma organização mais ampla, que é a organização da turma ou da sala de aula. Há aqui, portanto, uma dimensão da organização das aprendizagens, do que eu designo, a organização do trabalho escolar e esta organização do trabalho escolar é mais do que o simples trabalho pedagógico, é mais do que o simples trabalho do ensino, é qualquer coisa que vai além destas dimensões, e estas competências de organização são absolutamente essenciais para um professor.
Há um segundo nível de competências que, a meu ver, são muito importantes também, que são as competências relacionadas com a compreensão do conhecimento. Há uma velha brincadeira, que é uma brincadeira que já tem quase um século, que parece que terá sido dita, inicialmente, por Bernard Shaw, mas há controvérsias sobre isso, que dizia que: “quem sabe faz, quem não sabe ensina”.
Hoje em dia esta brincadeira podia ser substituída por uma outra: “quem compreende o conhecimento”. Não basta deter o conhecimento para o saber transmitir a alguém, é preciso compreender o conhecimento, ser capaz de o reorganizar, ser capaz de o reelaborar e de transpô-lo em situação didática em sala de aula. Esta compreensão do conhecimento é, absolutamente, essencial nas competências práticas dos professores. Eu tenderia, portanto, a acentuar esses dois planos: o plano do professor como um organizador do trabalho escolar, nas suas diversas dimensões e o professor como alguém que compreende, que detém e compreende um determinado conhecimento e é capaz de o reelaborar no sentido da sua transposição didática, como agora se diz, no sentido da sua capacidade de ensinar a um grupo de alunos.
Salto: O que é ser professor pesquisador e reflexivo? E, essas capacidades são inerentes à profissão do docente?
Nóvoa – O paradigma do professor reflexivo, isto é, do professor que reflete sobre a sua prática, que pensa, que elabora em cima dessa prática é o paradigma hoje em dia dominante na área de formação de professores. Por vezes é um paradigma um bocadinho retórico e eu, um pouco também, em jeito de brincadeira, mais de uma vez já disse que o que me importa mais é saber como é que os professores refletiam antes que os universitários tivessem decidido que eles deveriam ser professores reflexivos. Identificar essas práticas de reflexão – que sempre existiram na profissão docente, é impossível alguém imaginar uma profissão docente em que essas práticas reflexivas não existissem – tentar identificá-las e construir as condições para que elas possam se desenvolver.
Eu diria que elas não são inerentes à profissão docente, no sentido de serem naturais, mas que elas são inerentes, no sentido em que elas são essenciais para a profissão. E, portanto, tem que se criar um conjunto de condições, um conjunto de regras, um conjunto de lógicas de trabalho e, em particular, e eu insisto neste ponto, criar lógicas de trabalho coletivos dentro das escolas, a partir das quais – através da reflexão, através da troca de experiências, através da partilha – seja possível dar origem a uma atitude reflexiva da parte dos professores. Eu disse e julgo que vale a pena insistir nesse ponto.
A experiência é muito importante, mas a experiência de cada um só se transforma em conhecimento através desta análise sistemática das práticas. Uma análise que é análise individual, mas que é também coletiva, ou seja, feita com os colegas, nas escolas e em situações de formação.
Salto: E o professor pesquisador?
Nóvoa – O professor pesquisador e o professor reflexivo, no fundo, correspondem a correntes diferentes para dizer a mesma coisa. São nomes distintos, maneiras diferentes dos teóricos da literatura pedagógica abordarem uma mesma realidade. A realidade é que o professor pesquisador é aquele que pesquisa ou que reflete sobre a sua prática. Portanto, aqui estamos dentro do paradigma do professor reflexivo. É evidente que podemos encontrar dezenas de textos para explicar a diferença entre esses conceitos, mas creio que, no fundo, no fundo, eles fazem parte de um mesmo movimento de preocupação com um professor que é um professor indagador, que é um professor que assume a sua própria realidade escolar como um objeto de pesquisa, como objeto de reflexão, com objeto de análise. Mas, insisto neste ponto, a experiência por si só não é formadora. John Dewey, pedagogo americano e sociólogo do princípio do século, dizia: “quando se afirma que o professor tem 10 anos de experiência, dá para dizer que ele tem 10 anos de experiência ou que ele tem um ano de experiência repetido 10 vezes”. E, na verdade, há muitas vezes esta idéia. Experiência, por si só, pode ser uma mera repetição, uma mera rotina, não é ela que é formadora. Formadora é a reflexão sobre essa experiência, ou a pesquisa sobre essa experiência.
Salto: A sociedade espera muito dos professores. Espera que eles gerenciem o seu percurso profissional, tematizem a própria prática, além de exercer sua prática pedagógica em sala de aula. Qual a contrapartida que o sistema deve oferecer aos professores para que isso aconteça?
Nóvoa – Certamente, nas entrelinhas da sua pergunta, há essa dimensão. Há hoje um excesso de missões dos professores, pede-se demais aos professores, pede-se demais as escolas.
As escolas, talvez, resumindo numa frase (...), as escolas valem o que vale a sociedade. Não podemos imaginar escolas extraordinárias, espantosas, onde tudo funciona bem numa sociedade onde nada funciona. Acontece que, por uma espécie de um paradoxo, as coisas que não podemos assegurar que existam na sociedade, nós temos tendência a projetá-las para dentro da escola e a sobrecarregar os professores com um excesso de missões. Os pais não são autoritários, ou não conseguem assegurar a autoridade, pois se pede ainda mais autoridade para a escola. Os pais não conseguem assegurar a disciplina, pede-se ainda mais disciplina a escola. Os pais não conseguem que os filhos leiam em casa, pede-se a escola que os filhos aprendam a ler. É legítimo eles pedirem sobre a escola, a escola está lá para cumprir uma determinada missão, mas não é legítimo que sejam uma espécie de vasos comunicantes ao contrário. Que cada vez que a sociedade tem menos capacidade para fazer certas coisas, mais sobem as exigências sobre a escola.
E isto é um paradoxo absolutamente intolerável e tem criado para os professores uma situação insustentável do ponto de vista profissional, submetendo-os a uma crítica pública, submetendo-os a uma violência simbólica nos jornais, na sociedade, etc. o que é absolutamente intolerável. Eu creio que os professores podem e devem exigir duas coisas absolutamente essenciais que são:
· Uma, é calma e tranqüilidade para o exercício do seu trabalho, eles precisam estar num ambiente, eles precisam estar rodeados de um ambiente social, precisam estar rodeados de um ambiente comunitário que lhes permita essa calma e essa tranqüilidade para o seu trabalho. Quer dizer, não é possível trabalhar pedagogicamente no meio do ruído, no meio do barulho, no meio da crítica, no meio da insinuação. É absolutamente impossível esse tipo de trabalho. As pessoas têm que assegurar essa calma e essa tranqüilidade.
· E, por outro lado, é essencial ter condições de dignidade profissional. E esta dignidade profissional passa certamente por questões materiais, por questões do salário, passa também por boas questões de formação, e passa por questões de boas carreiras profissionais. Quer dizer, não é possível imaginar que os professores tenham condições para responder a este aumento absolutamente imensurável de missões, de exigências no meio de uma crítica feroz, no meio de situações intoleráveis, de acusação aos professores e às escolas.
Eu creio que há, para além dos aspectos sociais de que eu falei a pouco – e que são aspectos extremamente importantes, porque no passado os professores não tiveram, por exemplo, os professores nunca tiveram situações materiais e econômicas muito boas, mas tinham prestígio e uma dignidade social que, em grande parte completavam algumas dessas deficiências – para além desses aspectos sociais de que eu falei a pouco e que são essenciais para o professor no novo milênio, neste milênio que estamos, eu creio que pensando internamente a profissão, há dois aspectos que me parecem essenciais. O primeiro é que os professores se organizem coletivamente – e esta organização coletiva não passa apenas, eu insisto bem, apenas pelas tradicionais práticas associativas e sindicais – passa também por novos modelos de organização, como comunidade profissional, como coletivo docente, dentro das escolas, por grupos disciplinares e conseguirem deste modo exercer um papel com profissão, que é mais ampla do que o papel que tem exercido até agora. As questões dos professorado enquanto coletivo parecem-me essenciais. Sem desvalorizar as questões sindicais tradicionais, ou associativas, creio que é preciso ir mais longe nesta organização coletiva do professorado.
O segundo ponto – e que tem muito a ver também com formação de professores – passa pelo que eu designo como conhecimento profissional. Isto é, há certamente um conhecimento disciplinar que pertence aos cientistas, que pertence às pessoas da história, das ciências, etc., e que os professores devem de ter. Há certamente um conhecimento pedagógico que pertence, às vezes, aos pedagogos, às pessoas da área da educação que os professores devem de ter também. Mas, além disso há um conhecimento profissional que não é nem um conhecimento científico, nem um conhecimento pedagógico, que é um conhecimento feito na prática, que é um conhecimento feito na experiência, como dizia há pouco, e na reflexão sobre essa experiência.
A valorização desse conhecimento profissional, a meu ver, é essencial para os professores neste novo milênio. Creio, portanto, que minha resposta passaria por estas duas questões: a organização como comunidade profissional e a organização e sistematização de um conhecimento profissional específico dos professores.
Salto: O senhor diz em um texto que a sua intenção é olhar para o presente dos professores, identificando os sentidos atuais do trabalho educativo. Em relação ao Brasil o que o senhor vê: o que já avançou na formação dos professores brasileiros e o que ainda precisa avançar?
Nóvoa – É muito difícil para mim e nem seria muito correto estar a tecer grandes considerações sobre a realidade brasileira. Primeiro porque é uma realidade que, apesar de eu cá ter vindo algumas vezes, que eu conheço ainda mal, infelizmente, espero vir a conhecer melhor e, por outro lado, porque não seria (...) da minha parte tecer grandes considerações sobre isso.
No entanto, eu julgo poder dizer duas coisas. A primeira é que os debates que há no Brasil sobre formação de professores e sobre a escola são os mesmos debates que se tem um pouco por todo mundo. Quem circula, como eu circulo, dentro dos diversos países europeus, na América do Norte e outros lugares, percebe que estas questões, as questões que nos colocam no final das palestras, as perguntas que nos fazem são, regra geral, as mesmas de alguns países para os outros. Não há, portanto, uma grande especificidade dos fatos travados no Brasil em relação a outros países do mundo e, em particular, em relação a Portugal.
Creio que houve, obviamente, avanços enormes na formação dos professores nos últimos anos, mas houve também grandes contradições. E a contradição principal que eu sinto é que se avançou muito do ponto de vista da análise teórica, se avançou muito do ponto de vista da reflexão, mas se avançou relativamente pouco das práticas da formação de professores, da criação e da consolidação de dispositivos novos e consistentes de formação de professores. E essa decalagem entre o discurso teórico e a prática concreta da formação de professores é preciso ultrapassá-la e ultrapassá-la rapidamente. Devo dizer, no entanto, também, que se os problemas são os mesmos, se as questões são as mesmas, se o nível de reflexão é o mesmo, eu creio que a comunidade científica brasileira está ao nível das comunidades científicas ou pedagógicas dos outros países do mundo. Se essas realidades são as mesmas é evidente que há um nível, que eu diria, um nível material, um nível de dificuldades materiais, de dificuldades materiais nas escolas, de dificuldades materiais relacionadas com os salários dos professores, de dificuldades materiais relacionadas com as condições das instituições de formação de professores que são, provavelmente, mais graves no Brasil do que em outros países que eu conheço.
Terão aqui, evidentemente, problemas que têm a ver com as dificuldades históricas de desenvolvimento da escola no Brasil e das escolas de formação de professores e que, portanto, é importante enfrentá-los e enfrentá-los com coragem e enfrentá-los de forma não ingênua, mas também de forma não derrotista. Creio, por isso, que devemos perceber que no Brasil, como nos outros países, as perguntas são as mesmas, as nossas empolgações são as mesmas, mas é verdade que há aqui por vezes dificuldades que eu chamaria de ordem material, maiores do que as existem em outros países e que é absolutamente essencial que com a vossa capacidade de produzir ciência, com a vossa capacidade de fazer escola e com a vossa capacidade de acreditar como educadores possam ultrapassar essas dificuldades nos próximos anos. E esses são, sinceramente, os meus desejos e na medida que meu contributo, pequeno que ele seja, possa ser dado, podem, evidentemente, contar comigo para essa tarefa.
Fonte: (Entrevista concedida em 13 de setembro 2001) Programa Salto Para o Futuro! Compartilhe conosco sua opinião sobre este artigo!

Teoria e prática: duas faces da mesma moeda


Os debates entre teoria e prática são infindáveis. Os defensores da prática alegam que a teoria é pouco efetiva, uma vez que sua aplicação é sujeita a condições específicas e particulares. Por outro lado, aqueles que defendem a teoria alegam que os conceitos são as verdadeiras fontes do saber e do conhecimento. Os argumentos utilizados por quem defende o pragmatismo e os teóricos são fortes, consistentes, providos de lógica e amparados por vivências e valores pessoais – talvez por isso os posicionamentos se mostrem tão parciais. As respostas a esses embates podem ser embasadas nos estudos acerca das teorias do filósofo e professor norte-americano John Dewey (1859-1952) e de seu seguidor (orientando em seu doutoramento) Donald Schön (1930-1997) sobre o "Professor Reflexivo". Segundo Dewey, o aprendizado só ocorre quando há uma situação de problema real para se resolver. Com base nos conhecimentos teóricos e na experiência prática é possível solucionar o problema passando por cinco fases: caracterização da situação problemática; desenvolvimento da sugestão, observação e experiência; reelaboração intelectual; e verificação dos resultados. A fase mais relevante neste processo é a reelaboração intelectual, por se caracterizar pela formulação de novas idéias, cuja riqueza é diretamente proporcional aos conhecimentos, vivência e experiência da pessoa. O "Professor Reflexivo" deve efetuar o coaching de seus alunos, auxiliando-os a "aprender a pensar" a partir de seus conhecimentos e experiências. Para alcançar esse objetivo, pode estimular o raciocínio dos estudantes por meio de perguntas, questionamentos, apresentações de premissas (verdadeiras e falsas), simulações e debate de conclusões. Neste enfoque, o aluno deixa de ser o "objeto" de ensino do professor e passa a ser o "sujeito" de seu aprendizado. Intencionalmente, o termo "coaching" não foi traduzido para o português porque representa, na língua inglesa, aquele que lidera, treina, ensina, monitora, acompanha, incentiva e encoraja. De acordo com os pensamentos de Schön, a formação dos profissionais passa por uma prática orientada com um forte componente na reflexão a partir de soluções de problemas reais, possibilitando que o profissional em formação enfrente situações novas e aprenda a tomar decisões. O conhecimento é demonstrado pelos profissionais quando executam uma ação, mas há três conceitos diferentes de reflexão relacionados a ela: reflexão na ação – é o pensar o que se faz no decurso da ação sem interrompê-la, provocando reformulação do que está sendo feito, pois o profissional vivencia situações que extrapolam suas experiências prévias, tendo, porém, o conhecimento como base para a ação; reflexão sobre a ação – reconstrução mental da ação, analisando-a retrospectivamente e incorporando-a ao seu repertório de experiências adquiridas; e, reflexão sobre a reflexão na ação – é o processo que leva o profissional a progredir no seu desenvolvimento e construir sua forma pessoal de conhecer. Se, por um lado, a reflexão na ação pode ser considerada um processo mental quase automático, a reflexão sobre a ação é intencional, exigindo da pessoa pré-disposição e vontade. O conjunto de reflexões sobre a ação é que determina a construção do saber, que pode ser considerada uma conseqüência das reflexões intencionais efetuadas. Desta forma, o "Professor Reflexivo" é aquele que estimula e incentiva seus alunos a refletirem, seja na ação, sobre a ação ou na reflexão sobre a ação. Por isso, é imperativo que este profissional seja um "professor-pesquisador" – capaz de despertar em seus alunos curiosidade, discussão e interesse pela busca de novas idéias e conceitos – e tenha uma atitude de estímulo, incentivo, receptividade, responsabilidade e empenho. A reflexão crítica não deve ficar circunscrita à sala de aula, mas contemplar o universo compreendido pela instituição de ensino, comunidade e sociedade.
Se "aprender é aprender a pensar", podemos concluir que "ensinar é ensinar a pensar", e este é o papel do "Professor Reflexivo". Pelas palavras de Dewey de que "ninguém é capaz de pensar em alguma coisa sem experiência e informação sobre ela", voltamos à nossa questão original sobre teoria e prática: se queremos "pensar" sobre alguma coisa, temos de ter a experiência e a informação sobre ela. Teoria e prática são, portanto, elementos indissociáveis da mesma moeda: o conhecimento humano.
FONTE: TEXTO DE Armando Terribili Filho

O MULTICURSO nos faz repensar a nossa prática pedagógica sob diferentes esferas quando:

* questiona sobre O papel do Professor na Educação do Século XXI.
* indaga sobre os aspectos prioritários para que, por meio do currículo, a escola cumpra seu papel na formação dos alunos.
* pergunta sobre qual o papel da Escola, se é para o mundo do trabalho ou para a formação para a vida?
* faz puxar pela memória aos lembramos da nossa trajetória profissional.
* faz analisar os princípios que norteiam algumas teorias e metodologias como o CONSTRUTIVISMO, nos instigando a fazer a defesa de pontos de vista diferentes em relação a estas teorias.
* pede a nossa posição em se tratando do tema Conhecimento. Se o papel do professor seria o de ensinar, transimtir, mediar ou facilitar?
* traz as colocações de Fernando Hernandes, educador espanhol que defende o currículo por projetos em contraposição ao modelo tradicional de organização por disciplina.
* faz refletir de que forma a interdisciplinariedade pode ser abordada em uma proposta por meio de projetos. Entre tantas outras questões.
Iremos destacar nas próximas postagens o tema: Professor Pesquisador: um novo olhar sobre o exercicio da profissão. Sua opinião é sempre importante!

sexta-feira, 13 de junho de 2008

UMA PARADA A MAIS PARA REFLETIR!


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Em nossos encontros sempre realizamos um momento de sensibilização para o tema proposto. No dia (05/06) apresentamos a mensagem AREIA. Deixe aqui seu comentário!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

AS APARÊNCIAS ENGANAM!

O GRUPO DESAFIO DEDICA ESSE VIDEO À TODOS OS PROFISSIONAIS QUE PRECISAM MATAR UM LEÃO POR DIA E POR GOSTAREM DAQUILO QUE FAZEM NUNCA DESISTEM!

segunda-feira, 9 de junho de 2008

O papel do Professor frente a integração das mídias


Utilizar mídias na prática pedagógica nem sempre significa integrá-las a ela. Muitas vezes os educadores as utilizam como um complemento das aulas, mas não aproveitam o potencial inovador das tecnologias, de forma que estas servem apenas para reforçar velhas práticas. A integração das mídias ocorre à medida que os educandos, através de seu uso, encontram oportunidades de construir seu conhecimento, através da mediação do professor.O professor somente consegue integrar as mídias ao seu fazer pedagógico quando tem uma postura diferente da tradicional, em que ensinar é transferir conhecimentos. Quando o foco sai do professor, para priorizar o aluno, como um sujeito na construção do seu conhecimento, certamente as mídias exercem um grande papel como ferramentas auxiliares nesse processo.O educador precisa saber contextualizar a aprendizagem, o que é significativo para os educandos, trabalhando com projetos do interesse dos mesmos, partindo da realidade vivenciada. Deve dar espaço para que desenvolvam competências através da significação e resignificação das informações, transformando-as em conhecimentos. Um exemplo de atividade que pode integrar as tecnologias é a webquest, metodologia de pesquisa realizada na internet , na qual o professor pode ser o autor, publicando a proposta. Os alunos buscam informações que deverão ser transformadas em conhecimentos realizando tarefas lançadas como desafios. Nessa metodologia, os educandos aprendem a trabalhar de forma colaborativa, refletindo sobre as informações ao invés de simplesmente copiar e colar, como muitas vezes ocorre. Assim também em outras ferramentas nas quais é possível interagir, os educandos ganham autonomia e aprendem a pensar.

Obviamente é preciso que o educador compreenda as linguagens midiáticas e isso só poderá ocorrer com formação continuada, através de redes colaborativas em que haja trocas de informações e saberes entre os pares. A curiosidade de aprender a aprender é fundamental para que a reflexão e a mudança sobre a prática ocorram. O educador precisa ter a competência de ser um aprendiz., ser pesquisador. De buscar a própria formação, inserindo–se em listas de discussão, participando de fóruns, buscando parcerias de trabalho em comunidades virtuais e também entre os colegas da escola.Moran afirma que “faremos com as tecnologias mais avançadas o mesmo que fazemos conosco, com os outros, com a vida. Se somos pessoas abertas, as utilizaremos para comunicar-nos mais, para interagir melhor. Se somos pessoas autoritárias, utilizaremos as tecnologias para controlar, para aumentar o nosso poder. O poder de interação não está fundamentalmente nas tecnologias, mas nas nossas mentes”. Utilizar a internet ou outras mídias apenas para receber informações é reforçar a idéia do professor detentor do saber. Paulo Freire buscava fundamentar o ensino-aprendizagem em ambientes interativos, através de recursos audiovisuais. Ele deixou claro a importância da comunicação no processo de construção do conhecimento e que este acontece em outros lugares além da escola.Através da interação é possível que o educando passe a ser autor e não mero receptor. O educador deve ser instigador da reflexão e mediador no processo de construção do conhecimento.

domingo, 8 de junho de 2008

O PROFESSOR FRENTE AS NOVAS TECNOLOGIAS

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Fonte: http://blogosferamarli.blogspot.com/

sábado, 7 de junho de 2008

REGISTRO...REGISTRO..

Pois é, basta nascermos e alguém já corre a providenciar nosso registro! Outros tantos virão pela nossa vida afora, memórias vivas do que já fomos ou fizemos: diplomas, certidões, certificados e quantas e deliciosas fotos de aniversários, formaturas, casamentos, natais, viagens... E nossos diários e agendas de adolescentes? Quantos registros de momentos mágicos, de sonho e também de tristezas, na época parecendo insuperáveis? Sim, somos seres de registros, precisamos deles! Aliás, segundo Vygotsky, o que nos diferencia dos animais é o exercício do registro. Desde os tempos mais remotos, em que nossos ancestrais desenharam nas paredes das cavernas até os dias de hoje, em que grafiteiros pintam os muros das grandes cidades, o ser humano sente a necessidade de deixar sua marca por onde passa. Histórias gravadas em pedras, papéis, filmes, fotos...Enquanto professores, também somos agentes de uma história compartilhada por dezenas de alunos e, nesse percurso, deixamos marcas, elaboramos registros... Mas, o que seriam registros, nas nossas aulas? Na verdade, todas as produções dos alunos - escritas, desenhadas, cantadas, representadas, dançadas... - são registros. Demonstram de que forma relacionaram, pensaram, simbolizaram, apreenderam, articularam determinados conteúdos e de que maneira esses se concretizaram, se sintetizaram em recortes do conhecimento apreendido. O aluno, quando registra, se situa melhor dentro dos conteúdos desenvolvidos, estabelece relações entre o que já sabe, o novo e outras áreas do conhecimento. Dá sentido ao que aprendeu, torna-se mais crítico e exigente em relação a si mesmo e ao ensinar/aprender. Percebe seu percurso e tem bases mais sólidas para proceder a uma auto-avaliação. Elaborar registros escritos é fundamental na aula, pois o ato de escrever sobre aquilo que se aprendeu - ou se ensinou - faz refletir, organiza o pensamento e sintetiza idéias de forma consciente, mais profunda, num exercício de apropriação do conhecimento e de construção de significações. Para o professor, o ato de registrar - intimamente ligado ao ato de avaliar - possibilita a melhor percepção dos progressos, obstáculos, retrocessos e limites de seus alunos, assim como permite efetuar as intervenções imediatas e apontar possíveis encaminhamentos. Cada momento de registro é também uma pausa para se repensar a própria prática pedagógica, rever caminhos, tentar novas possibilidades e reafirmar certezas. Pedir, observar e interpretar os registros dos alunos requer um olhar que vá além das aparências, que busque os significados estéticos, simbólicos, cognitivos; um professor atento, investigativo, sensível, que não despreza pistas, que lê nas entrelinhas, dialoga com seus aprendizes e com sua própria prática e que, acima de tudo, tem clareza dos objetivos do ensinar aprender e o que pretende com cada uma das situações de aprendizagens propostas.
Artigo de Terezin Guerra