sábado, 7 de junho de 2008

REGISTRO...REGISTRO..

Pois é, basta nascermos e alguém já corre a providenciar nosso registro! Outros tantos virão pela nossa vida afora, memórias vivas do que já fomos ou fizemos: diplomas, certidões, certificados e quantas e deliciosas fotos de aniversários, formaturas, casamentos, natais, viagens... E nossos diários e agendas de adolescentes? Quantos registros de momentos mágicos, de sonho e também de tristezas, na época parecendo insuperáveis? Sim, somos seres de registros, precisamos deles! Aliás, segundo Vygotsky, o que nos diferencia dos animais é o exercício do registro. Desde os tempos mais remotos, em que nossos ancestrais desenharam nas paredes das cavernas até os dias de hoje, em que grafiteiros pintam os muros das grandes cidades, o ser humano sente a necessidade de deixar sua marca por onde passa. Histórias gravadas em pedras, papéis, filmes, fotos...Enquanto professores, também somos agentes de uma história compartilhada por dezenas de alunos e, nesse percurso, deixamos marcas, elaboramos registros... Mas, o que seriam registros, nas nossas aulas? Na verdade, todas as produções dos alunos - escritas, desenhadas, cantadas, representadas, dançadas... - são registros. Demonstram de que forma relacionaram, pensaram, simbolizaram, apreenderam, articularam determinados conteúdos e de que maneira esses se concretizaram, se sintetizaram em recortes do conhecimento apreendido. O aluno, quando registra, se situa melhor dentro dos conteúdos desenvolvidos, estabelece relações entre o que já sabe, o novo e outras áreas do conhecimento. Dá sentido ao que aprendeu, torna-se mais crítico e exigente em relação a si mesmo e ao ensinar/aprender. Percebe seu percurso e tem bases mais sólidas para proceder a uma auto-avaliação. Elaborar registros escritos é fundamental na aula, pois o ato de escrever sobre aquilo que se aprendeu - ou se ensinou - faz refletir, organiza o pensamento e sintetiza idéias de forma consciente, mais profunda, num exercício de apropriação do conhecimento e de construção de significações. Para o professor, o ato de registrar - intimamente ligado ao ato de avaliar - possibilita a melhor percepção dos progressos, obstáculos, retrocessos e limites de seus alunos, assim como permite efetuar as intervenções imediatas e apontar possíveis encaminhamentos. Cada momento de registro é também uma pausa para se repensar a própria prática pedagógica, rever caminhos, tentar novas possibilidades e reafirmar certezas. Pedir, observar e interpretar os registros dos alunos requer um olhar que vá além das aparências, que busque os significados estéticos, simbólicos, cognitivos; um professor atento, investigativo, sensível, que não despreza pistas, que lê nas entrelinhas, dialoga com seus aprendizes e com sua própria prática e que, acima de tudo, tem clareza dos objetivos do ensinar aprender e o que pretende com cada uma das situações de aprendizagens propostas.
Artigo de Terezin Guerra

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